domingo, 27 de janeiro de 2008

Poema do Gato


Quem há-de abrir a porta ao gato
quando eu morrer?

Sempre que pode
foge prá rua,
cheira o passeio
e volta pra trás,
mas ao defrontar-se com a porta fechada
(pobre do gato!)
mia com raiva
desesperada.
Deixo-o sofrer
que o sofrimento tem sua paga,
e ele bem sabe.
Quando abro a porta corre pra mim
como acorre a mulher aos braços do amante.
Pego-lhe ao colo e acaricio-o
num gesto lento,
vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele olha-me e sorri, com os bigodes eróticos,
olhos semi-cerrados, em êxtase,
ronronando.

Repito a festa,
vagarosamente.
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele aperta as maxilas,
cerra os olhos,
abre as narinas.
e rosna.
Rosna, deliquescente,
abraça-me
e adormece.

Eu não tenho gato, mas se o tivesse
quem lhe abriria a porta quando eu morresse?

17 comentários:

avelaneiraflorida disse...

LINDO GATOOO!!!!!!

e Belíssimo GEDEÂO, Claro!!!!!
Bjkas, amiga!!!!

Vicktor Reis disse...

Querida Fátima
Eu tenho cinco gatos dentro de casa e mais outros tantos no quintal. E neste momento tenho a miar na porta desta saleta um dels, o Ruca, quer que lhe abra a porta. E quando isso acontecer sobe por mim acima, dá-me cabeçadas (que os gatos adoram) e muitos beijinhos e faz romrom, claro está.
Beijinhos.

amigona avó e a neta princesa disse...

E quem não tem gato (s) não sabe o que perde! Beijo...

papagueno disse...

Miaaaaaau!
Gosto de gatos, acho que são bichos com uma personalidade muito forte além disso sou sportinguista.
Bjks

quintarantino disse...

Belíssimo Gedeão...... quanto ao gato, estou mais preocupado com as preocupações "metafísicas e existenciais" da "gata"!

Adriana disse...

Tirei o dia para ler coisas proveitosas,ainda bem que abri seu post, esta lindo.
Não tenho gatos só o Nike ,o cachorrinho das minhas Marias

Adriana disse...

Ficaria muito feliz se fisse parte do seu cantinho de amigos ,vou coloca-la no meu.Obrigada pelo carinho.

Machado de Carlos disse...

Belos poemas e belas imagens!

SILÊNCIO CULPADO disse...

Realmente, Fátima, a morte seria o abandono e nem o gato teria quem lhe abrisse a porta se houvesse um gato.

Senti esse abandono quando li o teu poema.

Beijinhos

Machado de Carlos disse...

Estou feliz com a sua visita fantástica! A alegria aumenta ao ver meu nome ligado no seu blog. Obrigado pela visita de luz!
Beijos.

Oliver Pickwick disse...

Poesia tocante, querida Fátima. Por sinal, ontem à noite, entrou um gato na minha casa. Não era vadio, estava bem tratado e tinha até coleira com chocalho. Provavelmente de algum vizinho.
Beijos!

JOY disse...

Olá Fátima ,

Tenho um gato que é completamente patareco mas tem personalidade e faz bastante companhia cá em casa.

Adoreio poema do Gedeão

Fica bem
JOY

Luna disse...

Eu tenho duas gatas
Bem o melhor é eu não morrer

Beijinhos
luna

Machado de Carlos disse...

Em uma tarde bela como esta, vir aqui é receber dádivas celestes!

FM disse...

Um singelo mas merecido Prémio aguarda por TI no ESSÊNCIAS... É teu e espero que lhe dês seguimento.
PARABÉNS!

Artur.S disse...

Um dos meus poetas preferidos.
ADOREI!

Marias disse...

Linda homenagem ao gato e ao inesquecível Gedeão.
O gato é sem dúvida dos animais domésticos mais meigos e pode até sair de casa mas volta sempre.(É um hábito muito antigo acontecer assim nas aldeias).

Beijinhos