
Ar livre, que não respiro!
Ou são pela asfixia?
Miséria de cobardia
Que não arromba a janela
Da sala onde a fantasia
Estiola e fica amarela!
Ar livre, digo-vos eu!
Ou estamos nalgum museu
De manequins de cartão?
Abaixo! E ninguém se importe!
Antes o caos que a morte...
De par em par, pois então?!
Ar livre! Correntes de ar
Por toda a casa empestada!
(Vendavais na terra inteira,
A própria dor arejada,
- E nós nesta borralheira
De estufa calafetada!)
Ar livre! Que ninguém canta
Com a corda na garganta,
Tolhido na inspiração!
Ar livre, como se tem
Fora do ventre da mãe,
Desligado do cordão!
Ar livre, sem restrições!
Ou há pulmões,
Ou não há!
Fechem as outras riquezas,
Mas tenham fartas as mesas
Do ar que a vida nos dá!
Miguel Torga
Visão JL
6 comentários:
Olá Fátima,
Gostei de ler este poema de Miguel Torga.
Um beijo e bom fim de semana.
Querida Fátima,
TORGA!!!! é ar puro!!!!!
Brigados!!!
bjkas!!!
...Miguel Torga que magnífica escolha...e ar puro é o que todos mais necessitamos.
bjs do fundo do Oceanus
Linda como sempre a poesia do Torga.
Bjks
O velho mestre era um visionário, quando nem se falava ainda em ecologia e preservação do meio ambiente, ele soube muito bem deixar a sua mensagem.
Ótima escolha.
Beijos!
Um grande senhor.
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